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  • Foto do escritorIsabela Serafim

rotina: papo de gente chata

Sempre achei que rotina era papo de gente chata. Isso porque, mesmo amando atividade física e alimentação saudável, acredito que o melhor da vida é o inesperado. Sabe aquela coisa de achar que uma quinta à noite seria só um jantar entre amigas e de repente ir parar em um karaokê na Liberdade, conhecer alguém incrível ficar pensando "caramba, a vida é muito chic mesmo!"?. A verdade é que nunca dei bola para a repetição, e mesmo sem abrir mão de atividade física 6x por semana, de comer muitas frutas e legumes e cuidar do sono, deixava a vida acontecer em relação a horários e condições. E tudo foi fluindo. Vivi épocas de estar mais regrada no esporte e sair menos de casa. Outras mais mergulhada nas garrafas de vinho e em viagens festeiras.


Até que 2020 pegou todo mundo de surpresa, fazendo a gente revisitar absolutamente tudo em nossa vida. Tem alguém aí que não questionou seu trabalho, família, casa, círculo de amigos, sentimentos, relacionamentos, mágoas passadas? Precisei ficar presa dentro de casa para entender o que eu ia fazer dentro de casa. E aí, abrir espaço para a rotina. Precisei não ter opção para olhar meus horários com carinho e dar uma chance para organizar meu dia – coisa de gente muito teimosa e taurina como eu, rs. Não ter para onde ir me fez pensar como eu poderia ter uma vida mais confortável sem tanta novidade o tempo inteiro. Ao mesmo tempo em que o mundo estava desmoronando em nossa volta devido à pandemia de coronavírus.


Tendo mais tempo em casa, aproveitei para retomar um hábito que havia perdido de verdade em 2019: a leitura. Sempre amei ler (jornalista, né?) e sempre li de tudo, mas ano passado fui atropelada por vários acontecimentos e deixei isso de lado. No começo da quarentena, passei a ler muito e escolhi livros que poderiam me ajudar nesse momento. Comecei com "Zen para distraídos", da Monja Coen, e o bestseller "O milagre da manhã", de Hal Elrod – que tenho muitas críticas, sim, mas achei bem legal. Na segunda obra, o autor traz conceitos que podem ser questionáveis, mas me fizeram pensar. Tipo: quando você não consegue acordar com o despertador e fica naquele looping do modo soneca por 40 minutos, está mandando uma mensagem ao universo de que você não está pronta para viver o seu dia.


SIM! Eu, que acredito em energia, em atrair o que a gente transmite, etc, fiquei embasbacada com esse conceito, que foi o ponto de partida para rapidinho parar de postergar na cama. O Hal fala para acordarmos mais cedo e propõe passos matinais para o seu desenvolvimento pessoal logo pela manhã. Ele diz que se você trabalhar na sua própria evolução como pessoa, obtém sucesso em tudo em sua volta. Também achei que fazia sentido! Dei uma chance para o tal do milagre da manhã e deu muito certo. Não consigo acordar 5h da manhã. Acordo às 7h, começo a trabalhar 10h30 e vou até umas 20h, 20h30. Tenho planos de acordar mais cedo, mas ainda não deu. E tá tudo bem.


O milagre da manhã foi o primeiro passo para organizar minha rotina. Encaixei ali meu horário de exercício físico e o café da manhã com calma que tanto amo. Tenho o maior privilégio em trabalhar em uma empresa muito conectada com tudo o que estamos falando. Cuido da área de conteúdo da Holistix, uma plataforma e marca de produtos de bem-estar e saúde, que justamente fala muito de rotina. Tive altas & ricas trocas com a Nicole, co-fundadora da empresa, nesse momento de descoberta da rotina. E ela canta essa bola há anos! Entendendo o ciclo circadiano e os conceitos da Ayurveda – isso tudo vale um outro texto aqui, rs! –, na Holistix a gente marca as reuniões sempre na parte da tarde, horário mais propício para isso, já que as manhãs devem ficar para atividades que demandam mais concentração e foco. Outro ponto a meu favor na história da rotina.


Resolvi criar um horário para fazer refeições, coisa que nem sempre consigo seguir, mas quando dá, dá muito certo. No começo, ficava muito frustrada quando algo acontecia e eu não conseguia fazer meus rituais matinais ou quando os horários ficavam muito loucos, até entender que a rotina não tem que aprisionar a gente, e sim ajudar. Se domingo eu acordei mais tarde porque realmente precisava dormir e não deu tempo de meditar, escrever, etc, pela manhã, ok. Que bom que eu pude dormir mais, sinal de que estava precisando descansar. Com o tempo, fui olhando a rotina de um jeito mais leve. Como tem que ser.


Ainda estou me entendendo com ela e não sei como vai ser no "novo normal", mas gostei desse lance de rotina. E olha só: aprendi duas coisas muito pertinentes na Holistix. Uma é que ter uma rotina faz com que nosso cérebro pense menos em coisas pequenas (tipo o que você vai comer de café da manhã), e economize energia para o que realmente importa, como resolver problemas de trabalho. E a outra, meu aprendizado preferido de 2020, é que cada pessoa tem um jeito de ser saudável, mas a única coisa que pessoas saudáveis têm em comum é rotina. É, talvez eu tenha virado aquela gente chata com papo de rotina.

caderneta, caneta, vela e cristal


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