No começo desse ano ganhei um livro de um grande amigo chamado O caminho de casa. De uma forma delicada, profunda e cheia de dejavùs (se você for uma pessoa negra), ele conta a história fictícia de duas irmãs negras que foram separadas na África quando crianças.
Toda a narrativa do livro passa pela escravidão forçada dos negros africanos, relações ancestrais entre famílias, racismo, estupro e, finalmente, pela construção de conexão onde tudo começou para nós, negras na diáspora.
Esses dias fui para o casamento de um amigo muito querido e voltei refletindo sobre muitas questões. Lá (no casamento), vi uma família que conhecia grande parte da sua árvore genealógica e como isso tornava as relações mais “enraizadas”. Quando soube que o anel de noivado deles tinha sido uma junção das joias de parte da família, pensei: uau! minha árvore genealógica termina na minha avó por parte de mãe/pai.
E assim comecei a me questionar como tenho me conectado com minha ancestralidade, como me re-conheço, me-percebo e crio senso de com-unidade.
Com algumas respostas já experienciadas, mas sem respostas exatas, comecei a ler outro livro: Kindred - laços de sangue. Esse conta a história de um casal inter-racial que volta no tempo e chega aos EUA escravocrata de 1819, mas com a mente (e vivência) de um país de 1976.
Imagina: voltar no período da escravidão depois de nascer “livre”. Parece impossível, né?
Vocês já se deram conta dos caminhos que nos levam a conhecer nossas origens e história? Em tempos onde a desconexão com nosso interior dá lugar à crises de identidade, temos ao mesmo tempo demandas infinitas, processos acelerados, prazos sempre estourando e mais muitos problemas que são a cara da geração x,y,z.
Meu convite pra você que é negra e já parou pra pensar sobre isso em algum momento da vida é: tenha uma rede forte <3. Se relacione com pessoas que te ajudam a olhar, a seguir em frente, mas olhando para trás e se entrelaçando com sua origem. Faça sua casa em pessoas, isso pode te salvar em tempos difíceis.
Ao meu amigo dos livros, obrigada!
Aprendi muito mais com eles do que nas aulas de História na escola sobre o período da escravidão.
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