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aninhapatil

astrologia sexy: 12 contos eróticos com os 12 signos do zodíaco


mulher com maquiagem brilhosa
Foto por Jessica Felicio no Unsplash


Você saberia dizer como cada signo se comporta na hora do vamos ver? Pois a escritora e roteirista Pimenta Cítrica se atreveu a tentar responder esta pergunta, com uma série de doze contos curtos cheios de detalhes picantes.


Está esperando o quê? Procure o seu signo para ver se a história combina... Ou - ainda melhor - ache o do contatinho e já mande para esquematizar o próximo encontro.


ÁRIES



Foto por Rodolfo Sanches Carvalho - Unsplash


Meu apelido para ela era menina maluquinha. E caía muito bem, eu pensava, enquanto ela espalhava as pinturas pelo chão, andando nas pontas dos pés cobertos por meinhas puídas entre elas. Ela falava sem parar, me explicando como cada uma delas iria entrar na exposição, gesticulando de um jeito que fazia a camisetinha fina subir e deixar a barriga dela à mostra. Eu só observava, entre os goles da minha cerveja, deixando meus olhos passearem pelas coxas alvas até elas desaparecerem na calcinha de algodão preto.


- Entendeu?? - Ela me perguntou em tom acusatório. Eu tinha me distraído totalmente.


- Entendi sim, claro.


Ela me fitou por uns segundos, apertando os olhos, a mão na cintura, com cara de brava. Depois suspirou contrafeita e continuou a explicação. Falou por mais um tempo até desabar no chão, no meio das pinturas.


- Tô exausta.


- Tô vendo. Eu acho que você merece relaxar um pouco. - Eu comecei, engatinhando até ela. - Vem cá, depois você continua.


- Não, eu ainda tenho um monte de coisa pra fazer! - Ela exclamou num rosnado.


- Mas você já trabalhou um monte hoje, merece relaxar, vai. Vem cá.


Ela sorriu, e eu soube que tinha vencido. Eu ofereci minha garrafa de cerveja, ela se serviu de um gole. Quando ela me devolveu, passei o vidro gelado pelos ombros dela. Estava fazendo muito calor naqueles dias. Ela arrepiou.


Aproveitei que ela tinha baixado a guarda para me aproximar mais ainda e roubar um beijo. Segurei o queixo dela com uma das mãos, e a outra subi por debaixo da camiseta. Adorava o beijo dela. Era tão cheio de energia, daqueles que parecia ser uma injeção de adrenalina direto na jugular. Eu escorreguei os lábios para a orelha dela, mordendo de leve e sussurrando:


- Vem pra cama comigo. Você não quer estragar as pinturas, né?


Ficamos num amasso entusiasmado por um tempo. Ela arranhava minhas costas, puxava meu cabelo, fazendo barulhinhos de impaciência. Eu achava graça. Geralmente eu sempre era a afobada quando se tratava de sexo, mas ela conseguia me superar. Subi as mãos para acariciar um mamilo por cima do pano fininho e ela mordeu meus lábios com força. Eu separei o beijo e ela me olhava com o cenho franzido, quase como com raiva por eu tê-la excitado.


Eu ri.


- Vira de costas. - Ela já abriu a boca pra reclamar. - Eu quero te fazer uma massagem! - Ela me olhou de novo com aquela carinha desconfiada e virou, a contragosto.


Eu a ajudei a tirar a blusa, admirando a extensão da pele sardenta das costas dela. Massageei os seus ombros e fui descendo devagarinho ao longo da espinha. Deixei meus dedos afundaram nas covinhas logo acima da bunda e fui plantando beijinhos  por ali, descendo para as laterais do corpo até chegar na cintura. Depois, desci a calcinha de algodão.


Mordi a coxa dela de brincadeira, e retomei os beijos por ali. Ela se mexeu na cama, reclamando contra o travesseiro. Eu a torturei mais um pouco, o máximo que deu, até que senti que ela estava prestes a me chutar. Fiz com que ela se virasse de novo na cama, separei suas pernas gentilmente e cheguei bem perto da sua boceta, respirando forte por ali.


- Para de me fazer cócegas, cacete! - Ela reclamou com a voz estrangulada e a fiz calar a boca passando minha língua devagar pelo clitóris dela. Ela soltou um gemido alto. Parecia que as reclamações tinham acabado.


Me deliciei nela. Eu sempre adorava chupá-la porque ela ficava muito molhada. Alternava minha língua entre o clitóris e o restante da vulva, sugando e lambendo, aproveitando bem o gosto dela. A penetrei com a língua devagarzinho, até ela estar levantando os quadris da cama e puxando os meus cabelos e deslizei dois dedos para dentro com bastante facilidade, afinal ela já estava bem molhada.


Abri minhas próprias pernas, involuntariamente me esfregando contra a cama conforme os gemidos dela ficavam mais altos. Ela era tão apertada por dentro, e estava toda inchada e aberta, dava vontade de morder. O gosto dela me enlouquecia, adorava passar minha língua por cada centímetro e cantinho enquanto ela tremia. Estava convencida de que daquela vez ela ia realmente arrancar os meus cabelos de tanto puxar, até que ela convulsionou na cama, gritando bem alto.


Adorava quando ela gozava na minha boca.


Subi pelo corpo dela, e aí quem estava impaciente era eu. Me livrei do pijama bem desajeitada, enquanto ela ria de mim, sacudindo os cabelos ruivos e curtos para longe do rosto. Tirei o sorriso da boca dela com um beijo, nossa saliva se misturando com o gozo dela.


Finalmente me livrei da minha calcinha, e colei nossos corpos de novo. Só que dessa vez, sem roupa para atrapalhar. Separei as minhas pernas. Gemi quando senti nossos quatro pares de lábios se esfregando. Eu investia meu corpo contra o dela, até que ela se cansou e inverteu nossas posições.


Sentou-se sobre o meu quadril, deixando os seios empinados na altura da minha boca e retomamos o ritmo. Gozei escondendo meu rosto no peito dela. Caí de volta na cama, e ela ficou me fazendo carinho por uns dois segundos.


Depois levantou-se de um salto, e continuou a mexer com as pinturas.


Eu fiquei ali, a admirando enquanto ela separava suas telas, nua.


Suspirei. Para alguém que se cansava tão rápido das coisas, eu só queria que ela demorasse muito para se cansar de mim.


TOURO


O chiado da frigideira encheu a cozinha, enquanto ele ia organizando todos os ingredientes de maneira metódica.


– Se eu for arrumando enquanto cozinho, não fica bagunçado depois, entendeu?


Ele explicou, moendo pimenta rosa em cima do refogado. O solinho do violão saía da caixa de som, enquanto ele ia cozinhando sem pressa, servindo-se de mais um gole da cerveja chique.


– É belga. – Ele tinha me explicado assim que eu cheguei. Tinha feito muita propaganda das suas habilidades culinárias e eu estava com as expectativas muito altas. Entre um gole da cerveja escura e uma mordida do pratinho com queijos e castanhas, fomos papeando. A noite estava quente, a porta da varanda estava aberta. Eu adorava ouvir como ele falava sobre as coisas de maneira muito específica e entusiasmada. Estava me explicando há uns dez minutos todos os segredos do risoto perfeito, mas eu me sentia um pouco mal, porque só conseguia pensar que sempre adorei homem usando calça de moletom cinza, ainda mais quando tinha um corpo tão escultural quanto o dele. Era sempre tão bom passar o tempo na companhia dele, sempre tão doce e tranquila quanto o violão de sete cordas que sempre estava na sua playlist.


– O cheiro está muito bom. – Eu comentei, porque era verdade. Ele sorriu aquele sorriso charmoso, avisando que faltava só um pouco. Tampou a panela e veio me dar um beijo, segurando minha cintura de leve antes de escorregar as mãos para os meus ombros e fazer uma massagem de leve. – Meu Deus, o que eu fiz para merecer esse tratamento VIP?


– Ué, eu falei que ia cuidar de você hoje. – Eu suspirei, relaxando. Queria me contagiar com toda aquela serenidade. O alarme do telefone dele tocou, e ele voltou para o fogão. – Está pronto. Preparada para comer o melhor risoto de abóbora da sua vida?


Eu levantei um garfo.


– Nasci pronta.


***


Ele adorava dizer que orgasmos culinários podiam ser tão bons quanto os tradicionais. Eu passei a seriamente concordar depois do nosso jantar. A comida estava divina. Ele sempre me impressionava. A gente se dava também, mas a gente sabia que entre nós dois nunca seria mais do que sexo e amizade. E tudo bem. Às vezes é até melhor assim. Eu aproveitava aquele jeito brincalhão dele sem noias. Quando terminamos de comer, ele me levou para o sofá, e uma tigela de morangos com chantilly se materializou nas mãos dele.


Ele às vezes era tão clichê, mas por incrível que pareça, isso nunca me incomodou. Pelo contrário, aproveitamos cada um dos morangos. Ele tirou minha blusa, me lambuzou de chantilly e lambeu tudo para limpar.


Quando eu vi, já estava sem sutiã, com a barriga melada de doce, presa no colo dele enquanto a gente se beijava. Digo presa porque era exatamente essa a sensação que o beijo dele me dava. Parece que eu tinha entrado numa cela, e tinham jogado a chave fora. Era tão profundo e assertivo, que parecia que eu nunca mais ia conseguir sair. Estava acorrentada nos lábios dele.


Ele me segurava com força, me pressionava contra ele, meu shortinho minúsculo raspando naquela calça de moletom sem vergonha. Passei a mão pelo peito dele, bem devagar, antes de enfiá-la por dentro da calça logo de uma vez. Ele gemeu na minha boca, devolvendo o gesto e descendo a boca pelo meu peito, uma das mãos se embrenhando dentro por dentro dos meu shorts e da minha calcinha fio dental.


Ficamos assim por um bom tempo, brincando, provocando, para ver quem ia ceder primeiro. Mas desde o começo eu sabia que ia perder, e de bem com isso. De repente chutei meus shorts para longe, desci a calça dele até os tornozelos e me ajoelhei no chão, entre as pernas dele.


– Pena que não tem mais chantilly. – Eu disse com uma piscadinha, antes de colocar o pau dele inteiro na minha boca. Ele puxava o meu cabelo de levinho, na altura da nuca, enquanto eu ia provocando, torturando, até que ele me puxou de uma vez, me encaixou no seu colo, e começou a me comer devagarzinho, segurando meus quadris para me fazer rebolar.


Não demorou e ele gemeu alto no meu ouvido, me jogando de volta no sofá e enfiando o rosto entre as minhas pernas, me chupando lentamente até me fazer gozar. Depois, deitou a cabeça na minha barriga, resmungando que estava cansado. Eu ri. Respondi que podíamos dormir no sofá mesmo.


Assim fizemos.


GÊMEOS



Foto por 1MilliDollars no Unsplash

Fiz um barulhinho de impaciência no fundo da garganta, e ele riu da minha cara. Não que eu não estivesse me divertindo. Estava, inclusive bastante. Mas a brincadeira estava virando tortura.


Eu estava de quatro na cama, as costas arqueadas. Minhas mãos estavam firmemente amarradas na altura do pulso. Meus olhos vendados. Completamente nua, exceto por uma calcinha toda de renda preta. Ele passou as mãos pela parte de trás da minha coxa, demorando-se na minha tatuagem. Arrepiei.


– Caralho, amor. Você tá muito gostosa assim.


Eu ri. Mas continuava impaciente.


– Tá se divertindo aí? Que bom que um de nós está, agora dá pra ir logo com isso?


Ele beijou uma das covinhas das minhas costas. Depois, passou a língua por ali. Eu gemi alto. Com a venda nos olhos, parecia que eu estava cem vezes mais sensível. Senti que o colchão mudou de posição e quase dei um coice no ar. O filho da puta estava saindo da cama??


– OU! – Eu berrei. – Celular a essa hora, cê tá de zoa? – Ele gargalhou de novo.


– Foi mal, foi mal! Eu só queria tirar uma foto.


– Vai tirar foto pra sujar a mão e depois vir me comer? Não senhor. Pode ficar quietinho aqui.


Eu o conhecia bem demais. Sempre com a cabeça em três mil lugares, era quase impossível fazer ele largar a porra celular, mesmo quando a gente estava transando. Eu estava vendada mas podia imaginar, os olhos de coruja indo do meu corpo para o teto, para a janela de volta para o meu corpo, como se o cérebro dele tivesse várias abas pelas quais ele conseguia passear.


– Tô te irritando, né? Desculpa. Juro que vai valer a pena.


Senti ele segurando meus quadris, roçando sua cueca contra a minha bunda, enquanto seus lábios procuravam a minha nuca. Ele segurou meu cabelo, puxou com força, e depois mordeu, chupou o suficiente para quase marcar, antes de descer a boca pela minha espinha, deixando um rastro de beijos molhados, meio desastrados, meio descoordenados, mas que causavam um choquezinho por dentro que quase me fazia saltar da cama.


De repente ele estava mordendo a minha bunda com tanta força que eu soltei um gemido de reclamação. Ele passou a língua pela marca que deixou em mim com os dentes, me fazendo estremecer. Depois, devagar, bem devagar, foi descendo a minha calcinha até os meus joelhos, ajeitando meus quadris para me deixar com a bunda bem empinada. Soltou um assobio e acertou um tapa com força. Daqueles que estalam.


Eu soltei um palavrão, sentindo minha boceta se contrair. Eu podia sentir que estava ficando cada vez mais melada. Tentei separar as pernas, soltar as mãos, qualquer coisa. Aí ele passou a língua, de uma vez só, do meu clítoris até o meu cóccix. Eu quase desmontei na cama, mas ele me segurou firme, me deixando toda aberta, enquanto continuava a me chupar. Era rápido, era grosseiro, mas eu sentia a excitação vinda dele. O tanto que o tesão deixava ele descontrolado. Isso me deixava maluca.


O entusiasmo, a criatividade. Transar com ele nunca era entediante. Ele sempre tinha alguma coisa nova propor. Sempre tinha uma brincadeira nova para experimentar. O sexo era o nosso laboratório, eu era o experimento particular dele. Ele sempre testava para saber o que ia me fazer gozar mais forte.


Fui perdendo a noção. Não estar enxergando deixou a experiência muito mais intensa. Eu me sentia totalmente à mercê da vontade dele. Parecia que meu corpo inteiro estava dormente, eu só sentia a boca dele me lambendo, me chupando, me mordendo. Ele continuou pelo que pareciam horas. Me deixava bem perto do clímax e depois parava, inúmeras vezes, quase me matando de tanto provocar.


Quase gozei tantas vezes que fiquei incapaz de articular uma frase coerente. Ele parou. Me colocou na posição exata que queria. E perguntou:


– Você quer que eu te coma?


– Quero. – Eu consegui dizer, estrangulada.


– Não, amor. – Ele disse baixinho, numa tom de voz que beirava a crueldade. – Eu quero que você me diga direitinho. Quero ouvir. – A boca dele estava na minha nuca de novo. Decidi fazer direito, que afinal, não sou nenhuma donzela.


– Me come, vai. – E para arrematar. – Por favor.


Ele bufou. Passou o pau pela minha boceta inteira, se lambuzando em mim. Me provocou assim mais um pouquinho até que – finalmente! – entrou dentro de mim. Mas só um pouquinho. Só a pontinha. Dava para sentir que ele estava batendo uma com a cabeça do pau dentro de mim e quase enlouqueci.


Depois, ele meteu de uma vez. Com força. E daí, não durou muito mais tempo. Ele me comia com força, sem cerimônia, sem enrolação. Segurou meu cabelo numa mão só na altura da nuca, torceu e puxou. Podia ouvir ele despejando uma torrente de palavras incoerentes no meu ouvido. Céus, era possível que ele não calava a boca nunca? Eu gritei bem alto quando gozei, e senti que ele gozou junto comigo.


Suspirei quando ele saiu de dentro de mim, mexendo os pulsos para pedir que ele me soltasse.


– Vontade de te deixar assim a noite inteira.


– Vai se fuder. – Eu resmunguei. Ele riu de novo. Finalmente soltou meus pulsos, tirou minha venda. Eu senti minha mãos formigando quando o sangue voltava a circular normalmente pelas pontinhas dos dedos. Pisquei os olhos para me acostumar com a claridade. E olhei para ele.


Ele tinha um sorriso de orelha a orelha. Me beijou, e me aninhou no seu peito.


Antes de pegarmos no sono, sussurrou que me amava.


CÂNCER


Cheguei na cozinha e a observei fazendo força para conseguir abrir o vinho com o saca-rolhas. As coxas desapareciam dentro da camisola de algodão fininho, o pano quase transparente deixando à mostra a calcinha branca fio dental fazendo um trabalho bem sem vergonha de esconder a bunda empinada. Subi os olhos pela curva da cintura e os cabelos longos e cacheados. Ela finalmente conseguiu abrir o vinho e encheu uma taça.


A abracei por trás, segurando-a na altura da cintura, sentindo a curvinha do quadril que eu sempre achava uma delícia. Senti que ela tensionou na hora, se desvencilhando do meu abraço.


Pisquei aturdida por um segundo. Depois, rolei os olhos.


– Meu, não é possível que você tá puta de verdade.


– Me deixa. – Ela resmungou fazendo menção de sair da cozinha. Eu segurei o seu pulso, a trazendo de volta.


– Não, não, peraí, vem cá. Vai ficar de birra? – Ela levantou as sobrancelhas.


– Não tô de birra. – Eu continuei a encarando. Ela deu de ombros num trejeito afetado. – Quer conversar com ele, conversa. Pra mim foda-se.


– Não tá parecendo foda-se não.


– Eu tenho que achar tudo normal, né? Você ficar de conversinha como ex e eu ainda tenho que ficar de boa. – Ela tentou sair mais uma vez.


– Espera aí, podemos conversar? – Ela suspirou irritada. – Primeiro que eu não tô de conversinha, a gente tava falando de uma vaquinha para dar presente para um amigo em comum, aliás eu já te expliquei isso. E segundo que você é maluca se você acha que eu vou ter interesse em qualquer ex que seja quando eu tenho isso tudo na minha frente.


O canto da boca dela tremeu. Ela quis sorrir. Mas não cedeu.


Caramba, que menina difícil.


– Você é a menina mais gostosa do mundo inteiro. – Eu continuei, e senti que ela tinha amolecido. Fui me aproximando. – Eu quero te apertar, te chupar, te comer o dia inteiro. Tem zero motivo pra você ficar nessa noia.


– Mas…


– Mas nada. Vem cá, vai. – Eu a pressionei contra a parede da cozinha, coloquei minha coxa entre as pernas dela, enfiei meu rosto na sua nuca. Ela tinha cheiro de baunilha. Eu beijei a pele do pescoço, lambendo, sentindo o gosto dela, subindo até o lóbulo de sua orelha. Mordi e ela ofegou. – Me deixa te fazer gozar.


– Para… – Ela resmungou naquela voz que eu já conhecia quando ela queria fazer charminho.


– Só uma vez, vai… Deixa? – Não esperei a resposta e roubei um beijo. Ela logo passou as mãos pela minha cintura, me envolvendo como um polvo. Ela me beijava devagar, insistente, como se quisesse me engolir. Pressionei o meu corpo contra o dela, enfiando as mãos por debaixo da camisola. Passei pela pele macia da barriga, apertei os dois peitos com força. Ela gemeu alto, como sempre. Adorava o quanto ela sempre respondia aos meus toques.


Quando eu desci minha mão de volta pelo corpo dela, calcinha minúscula estava encharcada. Gemi na boca dela, passando meus dedos pela renda molhada de leve, provocando. Ela me segurava, me arranhava, se agarrava em mim, e não parava de me beijar por um segundo.


Deslizei a calcinha para baixo e ela soltou um gritinho gutural quando eu separei os seus lábios com o indicador e o anelar, correndo a pontinha do dedo do meio pelo seu clitóris. Senti o corpo dela estremecer quando comecei a fazer movimentos circulares, devagar, do jeito que eu sabia que sempre funcionava.


Não demorou e ela desgrudou os lábios dos meus, gemendo alto. Sentia suas coxas dando pequenos espasmos enquanto eu continuava tocando no mesmo lugar, do mesmo jeito. Desci a outra mão para penetrá-la com o dedo, curvando dentro dela para achar o lugar certo. A boceta dela escorria na minha mão, ela tentava abrir mais as pernas a ponto de quase rasgar a calcinha presa na altura dos joelhos. Ela pediu para eu ir mais forte e eu obedeci, sentindo que ela se contraía ao redor do meu dedo, investindo os quadris contra mim como se tivesse perdido a capacidade de controlá-los.


Ela me beijou de novo quando gozou, sua língua passando pela minha boca sem ritmo, sem coordenação. Ficamos ali as duas arfando, até que eu sorri.


– Que delícia. – Ela torceu o nariz.


– Não pensa você que eu esqueci que você estava de papinho com o ex só por causa disso. Eu não esqueci! – Ela subiu a calcinha e saiu pisando duro pelo corredor. Eu suspirei, exasperada.


Hora do segundo round.


LEÃO


Foto por NeONBRAND no Unsplash

Virei o último gole do meu drink, lamentando que já tivesse acabado. A festa estava cheia, o grave no talo, e eu estava suada de tanto dançar. Era uma daquelas noites que eu me sentia eufórica, parecia que nada podia dar errado. E então reparei nele, dançando num canto.


Cabelos na altura do ombro, olhos cor de mel, expressão fechada. Até fisicamente ele parecia um leão. Correspondeu o olhar na hora. Me de uma encarada safada que se juntou ao álcool no meu sangue pra me acelerar. A camisa meio desabotoada me deixou muito curiosa para ver o que tinha embaixo. Murmurei um “miga, vou ali” e fui serpenteando pela pista. Ele terminou a cerveja. Quando eu cheguei perto o suficiente, olhei de novo. Para a minha surpresa, ele me puxou pelo braço para perto dele e me beijou. Assim, sem anestesia.

O beijo dele era territorial e autoritário. A língua dele percorreu todos os cantinho da minha boca. Uma mão me segurava na altura da nuca, como que para ter certeza de que eu não ia fugir.

Como se eu fosse fugir.

A outra desceu para minha cintura, colando meu corpo ao dele. Uma das suas coxas abriu caminho entre as minhas. Meu vestidinho curto subiu, minha calcinha colou nos jeans dele, enquanto ele apertava minha cintura e me beijava como se fosse pra uma plateia assistir. Eu estava adorando a performance. A batida da música alta ecoava nos meus ouvidos, parecendo que estava sincronizada com a minha pulsação.

Quando o beijo acabou, eu estava sem fôlego. Ele sorriu orgulhoso e me perguntou:

– Qual é o seu nome?


***


Quando ele abriu a porta do apartamento, me puxou de novo, me beijando com força, marcando meu pescoço, investindo o corpo contra o meu. Aos atropelos, chegamos no quarto. Ele fechou a porta com calma, acendeu a luz, e tirou a blusa. Minha boca secou. Eu fingi que não vi o sorrisinho que escapou no rosto dele. Se ele se cuidava e tinha orgulho disso, qual era o problema? Fui tomada pela mesma euforia de antes, começando um daqueles beijos famintos. Desci a boca pelo abdômen definido, beijando e lambendo cada um dos gominhos. Minha cabeça estava cheia de álcool, e eu só conseguia pensar, que delícia, que delícia, que delícia. Arranquei o cinto desajeitada, desci a cueca com pressa.


Ele agarrou minha nuca mais uma vez, investindo o quadril com cuidado enquanto eu o chupava devagar. Estava tentando usar minha perícia ainda que o álcool deixasse os meus reflexos prejudicados. Ele grunhia sem ar, olhando pra mim de um jeito que me fazia sentir nua do melhor jeito possível.


Foi ele quem deu fim ao boquete, me levantando de novo, me colocando contra a parede e subindo meu vestido. Acertou um tapa estalado na minha bunda assobiando um “gostosa” bem baixinho. Se livrou do resto das nossas roupas, levantou meu quadril e me pegou no colo.


Eu mal consegui acreditar quando ele me segurou com as duas mãos na altura do quadril e começou a me comer, assim, sem nenhum apoio, sem encostar na parede, segurando meu peso inteiro e movimentando o quadril para dentro de mim com força e precisão. A demonstração de habilidade me deixou maluca, e eu agarrei os cabelos compridos, os ombros fortes, os braços definidos, sentindo os músculos flexionarem enquanto ele fazia força para me segurar no colo dele.


Ficamos suados, minha pele esfregando na dele, meus gemidos cada vez mais altos.


Eu tinha os olhos fechados, dominada pela sensação de ser deliciosamente devorada. Quando abri, ele não estava olhando para mim. Segui a direção do seu olhar, e ele estava se encarando no espelho. Fiquei boquiaberta quando o vi admirando a flexão dos músculos no seu braço, o encaixe dos nossos quadris. Abri um sorriso entre os cabelos molhados pregados no meu rosto, querendo guardar pra mim cada detalhe daquela cena.


Deixamos marcas, nos arranhamos, nos mordemos, nos deliciamos um no outro.


Quando acabou, estava dolorida e cansada. Pensei em ir pra casa, ele me convidou pra ficar. Quando cheguei em casa no dia seguinte, achei seu telefone anotado num papel dentro da minha carteira.

VIRGEM


Nos conhecíamos há um tempo, sempre nos damos bem, mas por questão de timing, nunca tinha acontecido nada. Até que um dia, num bar comemorando o aniversário de um amigo em comum, ele se aproximou com ares de business e me perguntou se eu queria jantar com ele na próxima semana. Eu, que não sou convidada para jantares com tanta frequência assim, concordei. Fiquei espantada quando ele pediu o meu endereço para ir me buscar.


A noite foi uma delícia. O papo foi leve, divertido, despretensioso. Ele ouvia atentamente tudo que eu tinha a dizer, sempre me encorajando a dar mais detalhes. O seu senso de humor quase me fez cuspir o vinho depois de uma tirada particularmente sarcástica. A comida estava deliciosa, eu saí de lá com a cabeça enevoada de álcool, pensando que eu jamais imaginei me divertir tanto em um encontro assim tão como manda o figurino.


Ele me perguntou se eu já queria ir pra casa ou se queria esticar a noite em algum bar. Eu, que tenho pouca paciência quando se trata de conseguir o que eu quero, sugeri que tomássemos um drink em casa mesmo. Ele sorriu de lado, arqueou as sobrancelhas, parecendo satisfeito com o fato de eu ir direto ao ponto.


Na volta pra casa, ele repousou a mão na minha coxa enquanto o farol estava fechado. Eu olhei para ele e mordi meu lábio. A tensão sexual era palpável, e eu já não estava mais preocupada em como a gente ia fazer pra passar do clima de só amigos. Mas como é do meu feitio querer apimentar as coisas, fiz com que a mão dele subisse mais pela minha coxa, debaixo do meu vestido. Ele então se inclinou no banco e me beijou. Um beijo intenso, e insistente. Nos separamos quando o carro de trás buzinou. O farol tinha aberto há um tempo e nem tínhamos notado.


***


Pulamos o drink e fomos direto pra cama. Ele segurava os meus braços contra o colchão, investindo o corpo contra o meu, passando a língua pelo meu pescoço, mordendo, até chegar no meu ouvido.


– Eu quero te chupar.


Minha resposta atrevida se perdeu na garganta porque eu estava ocupada demais sentindo a onda de excitação que desceu do baixo ventre até o meu clitóris.


– Me fala o que você gosta. Você sabe que eu não vou parar até você chegar lá.


Eu sorri, porque se eu conhecesse aquele lado dele já tinha esquematizado este encontro há muito tempo. O instruí, dizendo como gostava e ele prestou atenção do mesmo jeito que fez durante o jantar. Depois, sumiu debaixo do lençol.


Ele seguiu as minhas instruções como se fosse um manual que ele sabia de cór. Passava a língua devagar, ia me sugando de leve, aumentando o ritmo com tanta precisão que ele parecia adivinhar qual era o próximo passo. Eu fiquei tão molhada que tinha certeza que tinha encharcado o lençol, e ele não parou até que eu soltei um gritinho, investi os quadris contra a boca dele, sentindo cada onda do orgasmo invadir meu corpo enquanto ele acompanhava as pulsações me penetrando com os dedos.


Eu fiquei paralisada, atônita com aquela demonstração de habilidade. Mas não parou por aí. Quando ele subiu de volta, estava ofegante, se esfregando em mim, parecia que queria me engolir. Senti o seu pau na minha entrada, provocando de leve, enquanto ele mordia o lóbulo da minha orelha. Eu estava muito sensível e gemi baixinho, abrindo as pernas. Ele grunhiu.


– Dá pra mim. – Ele ofegou no meu ouvido. – Dá gostoso pra mim, vai.


Teria respondido “com o maior prazer”, mas não deu, porque logo em seguida ele me invadiu, fazendo com que eu arqueasse a espinha, cravando minhas unhas nas costas dele. O sexo durou um tempão, e ele não parou até me fazer gozar de novo. Ele colocava toda a dedicação e foco a cada movimento. Quando acabou, eu senti que meu cérebro tinha virado uma geleia. Não tinha sobrado nem um neurônio para contar a história.


Aliás, minto. Sobrou um para que eu pudesse dizer, grogue de sono:


– A gente vai ter que fazer isso de novo.


LIBRA


– Eu disse nada de celular. – Ele me repreendeu, entrando na hidromassagem.


– Desculpa, desculpa, eu tava só mandando uma mensagem. – Eu expliquei só a metade, quando a verdade inteira era “eu tava contando pra uma amiga o que está acontecendo porque não vou conseguir guardar só pra mim”. Ele colocou as taças ao lado da hidro, cada uma com duas framboesas e duas folhinhas de hortelã congeladas. Eu sorri enquanto ele enchia as duas de champanhe. Com ele era sempre assim, sempre coisas belas e coisas boas. E toda vez que eu comentava do seu bom gosto, ele respondia com um, “lógico, eu gosto de você”.


Ele deu um golinho do champanhe e eu coloquei o celular de lado. Ele me abraçou por trás, beijando minha nuca com os lábio gelados. Senti um arrepio cortando a minha espinha.


– A água tá muito boa mesmo.


– Eu falei. – Foi a minha resposta, enquanto eu sentia um segundo arrepio me atravessar quando ele passeava as mãos pela minha cintura, por cima do maiô. Olhei para as luzes da cidade sob a névoa do outono, as estrelas faiscantes acima. Lá estava eu, bebendo champanhe dentro de uma hidromassagem num terraço na companhia de um homem que parecia ter saído dos meus sonhos. Aquela viagem parecia pertencer à vida de outra pessoa, como se fosse uma realidade paralela.


O que não significava que eu não ia aproveitar.


Bebi um pouco do champanhe, deixando as bolhinhas fazerem cócegas no meu céu da boca até derreterem. Me virei, colando nossos corpos. Nos beijamos com gostinho de framboesa e hortelã, a água quente da hidro e a primeira dose de álcool da noite fazendo todos os meus músculos relaxarem.


Ele sorriu no beijo, dizendo que tinha esquecido da música. Alcançou o controle remoto, ligando o som e fazendo tocar uma das minhas músicas preferidas. Eu fiquei boquiaberta.


– É essa, né? – Eu fiz que sim com a cabeça. – Eu prestei atenção, tá vendo?


Ele se sentou do outro lado da hidro, dando mais goladas do champanhe, enquanto a gente retomava a conversa da tarde sobre os nosso tempos de rebeldia no ensino médio. Em dado momento ele mordeu o lábio, balançando a cabeça de vergonha. O charme dele era tão cativante que era quase insuportável, e eu só conseguia pensar, “ai, meu Deus, eu acho que eu tô apaixonada, fodeu”.


A mistura de não querer ficar sozinha com meus pensamentos por mais nenhum segundo e um desejo súbito de correr minhas mãos pelos braços dele me fez atravessar a hidro num impulso. Eu me sentei no colo dele, colocando as mãos espalmadas pelos ombros, descendo pelos braços bem torneados, até a barriga bem definida. Fiquei me perguntando se algum dia ele deixaria de me fascinar tanto. Explodi uma framboesa na boca antes de beijá-lo outra vez. Piscina, banheira, hidromassagem e afins sempre tiveram o dom de me provocar uma injeção de libido, e estar ali no colo dele certamente piorava a situação.


Nos beijamos por muito tempo. Ele segurava as laterais do meu rosto enquanto me provocava com mordidinhas. Eu podia sentir sua ereção dentro da sunga, se esfregando contra o meu maiô, e ficava cada vez mais zonza. Investia o meu corpo contra o dele, passando as unhas pelo seu couro cabeludo e puxando os cabelos curtos. Ele sabia me deixar impaciente.


Eu estava praticamente soluçando de desejo na boca dele quando ele finalmente resolveu fazer alguma coisa. Inverteu nossas posições, me pressionando contra a parede da hidro com aqueles braços de dar inveja em qualquer rato de academia. Olhou fundo nos meus olhos, aquele olhar cheio de tesão e malícia, mas sempre com um fundo de ternura, e subiu as mãos pelas coxas, me fazendo tremer de levinho.


Puxou a lateral do maiô para o lado, me deixando exposta. Eu estava pulsando e gemi sem querer quando ele passou o dedão por toda a extensão da minha boceta, de cima pra baixo. Me agarrei nele, cravando minhas unhas nos seus bíceps enquanto ele ia fazendo círculos no meu clitóris bem devagarzinho. Passou o indicador por toda a fenda até chegar na minha entrada, me penetrando de levinho, para recomeçar todo o processo. Ele continuou até que eu o beijei com força, e ele enfiou dois dedos de uma vez dentro de mim. Logo seus dedos acharam aquele ponto mágico (como ele sempre conseguia encontrar tão rápido? Devia fazer um mapinha e vender na Internet, com certeza meus outros peguetes se beneficiariam) e em um minuto eu estava pregada na parede da hidro, completamente desmontada. Alcancei as alças do meu maiô e desamarrei desajeitada, querendo me livrar daquilo logo.


Ele me ajudou a tirar o maiô, e desceu os lábios pelo meu pescoço e colo, chupando, mordendo marcando, bem devagar. Minha pele estava queimando, e ele queria diminuir o passo? Quando ele tomou um dos meus mamilos na boca, eu quase gritei, puxando os cabelos dele. Ele riu de leve.


– Água te deixa maluca mesmo.


– Eu avisei. – Eu resmunguei, puxando os quadris dele para perto sem muita coordenação. Ele segurou minha cintura, me encaixou no seu colo e começou a me penetrar. A água deixava tudo mais difícil, tirando um pouco da lubrificação natural, e fazendo com que a invasão doesse um pouquinho. Eu estava tão excitada que aquilo só me deixou com mais tesão.


Eu o abracei, sentindo meu corpo vibrando no dele, cada investida me causando uma dor deliciosa. Só conseguia lembrar de um amigo dizendo pra mim “o amor dói”, enquanto eu lambia a pele molhada dele, querendo registrar cada detalhe daquele momento nas minhas memórias.


Gozei enquanto olhava para as estrelas, ele segurando o meu corpo firme em cada espasmo. Encostei minha testa no ombro dele, relaxando meu corpo trêmulo, sentindo minha pele reverberar. Só conseguir pensar que paixões podem até não durar pra sempre.


Mas elas nos fazem viver uma vida em cada dia.


ESCORPIÃO


Ele deu trabalho.


Cheguei no hostel morta, pensando que eu deveria realmente botar o pé no freio e não virar as noites na gandaia se eu tivesse que viajar logo cedo no dia seguinte, porque ter que carregar mala com ressaca e gosto de cabo de guarda-chuva na boca estava foda. O mocinho da recepção me atendeu na maior lerdeza, e eu impaciente só queria que ele me desse logo a chave do quarto para eu dormir até a dor de cabeça passar. Ele não conseguia encontrar minha reserva e eu tentava me manter calma, até que saiu de dentro da área do staff um sujeito tão deslumbrante que quase fez a minha ressaca passar instantaneamente.


Cabelos loiros e longos presos no coquinho da moda, braços cobertos de tatuagens, estilo bem fashionista de se vestir. Eu imediatamente desejei que não estivesse tanto com cara de ontem, quando ele me mediu de cima a baixo sem esboçar nenhuma reação. Perguntou ao colega qual era o problema e em dois segundos encontrou minha reserva, me entregando as chaves. Eu agradeci sem graça, e ele acenou indiferente, terminando de bolar um cigarro. Avisou ao mocinho que ia sair para fumar e eu fiquei pregada no chão, pensando em como eu ia conseguir descobrir qual era o nome dele.


***


Viagem é um negócio estranho, você conhece aquele sujeito que está mochilando há dez meses, aquele casal da Dinamarca que chegou ontem, aquelas meninas que já passaram pelos lugares que você vai passar e de repente parece que todo mundo é amigo de infância. Já era o segundo dia que saíamos todos junto com o staff. Uma das meninas que dividia o quarto comigo estava pegando o mocinho que me recepcionou no primeiro dia. O amigo gato dele nunca aparecia, e eu estava ficando decepcionada, até que ele de repente se materializou na boate, bolando mais um cigarro.


Àquela altura eu já estava no terceiro shot, e sorri para ele entre o canudo da minha bebida. Ele sorriu minimamente de volta, só com o canto da boca, me encarando por trás dos cílios longos. Não se demorou no olhar, passando para cumprimentar todo mundo. Quando chegou na minha vez, ele colocou a mão bem no fim das minhas costas, quase na bunda. Eu não deixei barato, colando meu corpo no dele, e sentindo um estalo percorrer toda a minha pele. Ele me soltou e nem olhou para mim, terminou de cumprimentar todo mundo e foi para um canto. Eu suspirei, exasperada. Era óbvio quem estava ganhando e quem estava perdendo naquele jogo.


A noite foi passando num borrão. Sempre tinha alguém que chegava que conhecia alguém, e eu estava virando shot atrás de shot sem ter que desembolsar um centavo. Pedi uma água para dar uma baixada no meu nível alcóolico e me virei para ver o grupo do staff gritando e pulando ao som do último hit do Bruno Mars. Ele só olhava de canto, rindo baixinho, claramente deslocado. Eu, que sabe-se Deus por que tenho uma queda por gente blasé, só faltei colocar o babador.


Toda vez que ele tinha que passar, se esfregava em mim. Para pedir licença descia as mãos pela minha cintura e apertava, ou então se espremia atrás de mim, fazendo com que a gente ficasse colado. Eu já estava bem bêbada, e sem paciência para aquela tortura. Não entendia se ele me queria ou estava só me provocando, e se queria, quando ia fazer alguma coisa. Ele obviamente estava se divertindo em ter o controle da situação e me ver me contorcendo. A atmosfera estava carregada de tensão sexual quando num momento de particular distração do grupo, ele segurou meu braço na altura no cotovelo e sussurrou no meu ouvido, “vamos ali fumar um cigarro”. Em um minuto tínhamos nos empirulitado para área de fumantes, eu tinha certeza que ninguém dos nossos amigos tinha nem notado o que aconteceu, e não pude negar que me impressionei com as suas habilidades de sedução ninja.


Ele bolou um cigarro e eu fiquei olhando os seus dedos habilidosos alisando a seda, imaginando mil e uma putarias – céus, será que pensar essas coisas toda hora é normal?? – até que ele selou o cigarro com a língua e me deu. O papo começou a fluir, e e longe de todos ele me surpreendeu. Estava genuinamente desarmado, e levamos uma conversa relaxada e natural sobre tudo. Ele falava baixo, sem afetação, não se expressava de uma maneira hiperbólica, não precisava se autoafirmar. Ele era, simplesmente era, sem arrogância, confiante o suficiente para trocar ideias sem tentar me impressionar a cada duas frases.


Continuamos a conversa dando uma volta no quarteirão. A noite estava agradável e o papo foi ficando uma delícia. Paramos na esquina e a conversa foi arrefecendo. Ele me encarou com os olhos claros, e eu senti como se ele estivesse furando um buraco em mim. Eu sorri. Sou péssima em sutilezas.


– O que foi?


– Nada.


– Nada? Você vai me dizer por que me chamou pra dar uma volta ou vai ficar parado me olhando?


Ele sorriu de lado, aquele mesmo sorriso sem vergonha de quem está adorando jogar.


– Eu sou tímido. – Ele disse, dando de ombros, num tom que misturava sarcasmo e seriedade na mesma medida. Ele só podia estar de sacanagem.


– Ah, é? Eu não sou. Tô a fim de você. – Ele deu uma risadinha, se apoiou no muro com ares de cerimônia. Me puxou pra perto pela cintura, subiu a mão pressionando as minhas costas, até a minha nuca. O rosto dele estava bem próximo, ele estava respirando na minha boca, e eu estava intoxicada – de álcool, de tesão, de juventude. Ele chegou bem perto, quase me beijou, quase. Aí puxou o meu cabelo na altura na nuca, me afastando de novo e inclinando o rosto para acompanhar minha reação. Eu soltei um gemidinho de desespero e ele sorriu satisfeito, segurou meu queixo e me beijou um beijo que eu senti da sola dos pés até a raiz dos cabelos.


***


Nos demoramos mais um tempo na boate, enquanto dançávamos com o resto do pessoal. Até que ele virou pra mim e murmurou um “vamos” tão decidido que eu me senti um coelhinho indo para o abate. Voltamos para o hostel, entramos no quarto que ele dividia com dos meninos. Eu perguntei se ele não ia voltar. Ele explicou que tinha combinado com o cara de ele passar a noite em outro lugar. Eu levantei uma sobrancelha, porque ele estava planejando aquela armadilha desde o começo e eu tinha caído direitinho.


Ainda bem.


Ele me fez deitar na cama bagunçada, separando minhas pernas com o joelho. Quando desceu o peso sobre o meu corpo, enfiou as mãos por dentro da minha blusa, segurando minha cintura, e me beijando daquele jeito que parecia que ia sugando o ar de dentro dos meus pulmões. Ele ondulava os quadris, rebolava, raspando o pau em mim por debaixo da calça, e eu estava sentindo a visão escurecer de tão excitada. A tensão da noite inteira tinha me deixado em ponto de bala, e ele continuava a pressionar o corpo contra o meu, de uma maneira tão insistente que era quase opressiva. Eu sentia que eu era uma das presas daquelas cobras que matam por sufocamento, quanto mais eu me mexia, mais presa ficava.


Cada movimento me ateava fogo. Meu corpo estava em brasas quando ele começou a finalmente ir tirando minhas peças de roupa. Uma a uma, bem devagar, me torturando mais. Cada beijo parecia ser direto na carne, direto no nervo. Transar com ele dava a sensação de ser rasgada por uma faca, que ia muito fundo, só que em vez de causar dor, causava prazer.


Perdi a noção do tempo. Perdi o controle dos meus músculos. Perdi o filtro das minhas palavras. Fui reduzida aos meus instintos mais básicos. Na cama dele, eu me senti fêmea, me senti dominada pelos meus desejos, o quarto inteiro cheio de feromônio. Tudo era sexo. Não conseguia pensar mais em mais nada quando ele me chupava, só esperar que a língua dele me tocasse de novo, de novo e de novo, enquanto eu me abria, me esfregava na maciez molhada dos lábios dele. Não consegui pensar em mais nada enquanto ele me comia, concentrada absolutamente na sensação do pau dele me preenchendo, o gosto do suor dele na minha boca, os rasgos que eu abria com as unhas nas suas costas.


Quando acabou, eu estava exausta. Mas podia sentir que o corpo dele ainda vibrava ao lado do meu. Descansamos um pouco. Começamos a nos tocar de leve, fazendo um carinho, reparando o que podia fazer o outro se arrepiar. Não demorou começamos de novo. O cansaço não tinha como competir com a energia sexual que ele tinha despertado em mim, o ar estava tão elétrico que dava a impressão de que dava para riscar um fósforo entre nós dois. Fui caçada e devorada por ele, uma presa devidamente abatida, uma, duas, três, quatro vezes.


Paramos ao amanhecer. Ele adormeceu dentro de mim, me prometendo mais uma noite antes que eu deixasse a cidade.


SAGITÁRIO


Foto por We-Vibe Toys no Unsplash


Dobrei o corpo de tanto rir, apertando a minha barriga e tentando recuperar o ar. Suspirei várias vezes tentando fazer o oxigênio voltar a circular, limpando as lagriminhas que tinham saído dos cantinhos dos meus olhos. Estávamos há mais de uma hora vendo um vídeo sem sentido atrás do outro no YouTube, apoiando os pés na mesinha de centro bagunçada com a garrafa de vodka que já tínhamos terminado, os sucos para misturar, o pote de sorvete vazio e o bong de vidro. Ele jurou para mim que tinha um vídeo melhor ainda para mostrar, enquanto eu acendia o bong e mandava mais um trago para dentro, a brisa me fazendo sentir que estava flutuando a uns dois centímetros do sofá.


Será que era só a brisa?


Segurei a fumaça na boca e fui soltando devagar. Senti as minhas extremidades formigando de um jeito gostoso, e me servi de mais um copo de vodka com suco. Já tínhamos passado da metade da segunda garrafa. Sacudi a cabeça, rindo de lado. Teria eu encontrado um companheiro de copo a altura?


Ele me mostrou mais um vídeo completamente idiota e hilário e mais uma vez começamos a gargalhar no sofá. Só que dessa vez ele jogou os braços pra trás, acertando meu copo quase cheio no caminho.


E me dando um banho de vodka.


– Ai, caralho, porra! Desculpa, desculpa! – Ele pegou o copo no chão, todo desastrado, sem saber por onde começar a me secar. A frente do meu vestido ficou ensopada e gelou rapidamente, me fazendo arrepiar de um jeito bom. Ele ficou vermelho como um tomate, mortificado.


– Cara, relaxa, não tem problema…


– Desculpa mesmo…


– Relaxa. – Eu queria rir, porque aquela devia ser a primeira vez na vida que não era eu que estava derrubando coisas. Geralmente era eu que estava me desculpando por ter virado bebida em alguém, sendo levantada no chão depois de um tombo, quebrando uma coisa nova logo depois de comprar. Olhei para ele, ele ainda estava sofrendo de vergonha. – Eu disse que não tem problema. Eu tava precisando de uma desculpa pra tirar esse vestido mesmo. – Me livrei da minha jaqueta, e observei com divertimento quando a expressão dele mudou rapidamente de constrangimento para atenção. – Aposto que você fez de propósito.


Eu tirei o vestido ensopado devagar, jogando no chão quando eu terminei. Mordi o lábio porque a ideia de estar só de calcinha e coberta de vodka na frente dele me deixava nervosa de um jeito bom. Como se tivessem ligado um motorzinho eu algum lugar embaixo da minha barriga.


Ele virou o restinho de bebida que tinha no copo. Eu engatinhei até ele, curtindo a ideia de estar praticamente nua enquanto ele ainda estava totalmente vestido. Cheguei bem pertinho da boca dele, e a gente sorriu junto. Era difícil bancar o sério naquele jogo de sedução, quando a gente tinha passado horas gargalhando junto. Quando a gente tinha passado horas falando sobre tudo e qualquer coisa sem nenhum requinte de sofisticação. A minha crueza e o meu entusiasmo tinham encontrado espelho nele e o tesão que eu estava sentindo era só mais uma maneira de a gente se divertir junto.


Quando a gente se beijou, foi rápido, foi desastrado, mas foi com aquela sede de quem nunca teve medo de nenhum de ir com tudo naquilo que dá vontade. Foi uma mistura de mãos e dedos e línguas e logo a gente não sabia onde um começava e o outro terminava. Sentia que estava ficando descabelada, me esfregando no corpo vestido dele com meu torso pregando de vodka e a sensação era de melar a calcinha.


Ele segurou os meus ombros, descendo a boca pelo meu pescoço, mordiscando e descendo a trilha que a bebida deixou no meu corpo.


– Acho que essa é minha nova combinação preferida. – Ele ofegou. – Álcool e você ao mesmo tempo. – Eu ri, balançando a cabeça. Estava muito mais que altinha há tempos já, e parecia que ele tinha tirado as palavras da minha boca. Ele me puxou com força, me fazendo ajoelhar em seu colo enquanto ele lambia toda minha barriga e a lateral do meu corpo.


Puxei o cabelo dele e ele gemeu baixinho. Eu mordi o lábio e levantei a sobrancelha, anotando a informação mentalmente para depois. Puxei de novo com mais força e a gente beijou mais uma vez. A mão dele invadiu a minha calcinha daquele mesmo jeito desajeitado, os dedos dele abrindo caminho e me tocando de maneira vigorosa. Desci da posição em que estava, ficando de quatro sobre ele, para garantir melhor acesso, enquanto arrancava a camiseta dele sem delicadeza nenhuma.


Ele olhava para cima, observando as reações no meu rosto enquanto me tocava, franzindo o cenho e mordendo os lábios, como se quisesse memorizar como me fazer gemer mais alto.


Não demorou e eu estava tremendo, praticamente rebolando contra a mão dele e quando ele sussurrou que queria me ver gozar eu obedeci na hora, como se fosse uma reação espontânea do meu corpo, sobre a qual minha mente não tinha nenhum poder.


Pisquei e sacudi a cabeça para clarear a visão – a sala estava enfumaçada e tudo parecia meio surreal. Ele se levantou do sofá e eu pesquei a ideia, deslizando meus joelhos para o chão e apoiando a meu torso no assento. Ele segurou minha cintura com as duas mãos e me comeu ali, o cheiro do suco de fruta e da maconha impregnando o ar e se misturando com o do nosso sexo. Pensei em muitas coisas; em como parecia que as mãos dele queimavam minha pele, em como ele parecia estar pegando fogo dentro de mim e como eu talvez estivesse gritando alto demais.


Aí ele pediu para eu gritar mais alto ainda.


Foi catártico. Nas mãos dele eu desmanchei, senti que não precisava esconder nem reprimir nada. Toda a minha existência pagã, torpe, libertina fazia sentido quando a gente estava ali, bêbados e suados, entregues um ao outro.


Desmontei no sofá quando acabou, tentando desembaralhar o meu cérebro. Quando ele pareceu voltar para o lugar, me veio a lembrança do vídeo que estávamos vendo antes. E assim recomecei a gargalhar de novo e ele sem nem saber do que eu estava rindo, começou a rir também.


Dizem que o mundo é dos loucos.


Naquela hora, ele foi.

CAPRICÓRNIO


Estava escorada no canto do sofá, bebericando meu vinho e atualizando a timeline do Facebook pela décima vez seguida. Olhei para minha amiga conversando animadamente num canto da sala com o tal boy que ela não parava de falar a respeito há uma semana. Rolei os olhos. As coisas que a gente faz para as amigas transarem. Pelo menos a bebida era farta. Eu dei de ombros enchendo mais uma taça de rosé.


Aquela festa estava um porre. Eu devia saber que ia ser roubada quando ela falou que “provavelmente só ia ter gente da pós”. As pessoas se espalhavam nos sofás, usando vestidos de crepe, comendo barquetes e citando nomes de pensadores. Bom, eu sou uma boa amiga. Valia o sacrifício, mas ela ter que me pagar uma cerveja depois.


Estava rindo sozinha de um vídeo de gatinho que não parava de travar no meu 3g quando ele chegou e se sentou ao meu lado.


– Vídeo de gatinho, hein? Vai com calma, essa é a porta de entrada para drogas mais pesadas. Daqui a pouco você vai estar mandando mensagem no grupo da família só pra ter com quem conversar.


Eu sorri.


– Não corro esse risco. Saí do grupo da família.


– Uau, uma rebelde autêntica.


– Isso aí. Além do mais, parece que eu já tenho com quem conversar. – Ele sorriu. Se apresentou, estendendo a mão. Reparei no sorriso. – Bebe um vinho comigo?


– Obrigado, mas eu estou só na água. – Eu levantei uma sobrancelha. – Eu não bebo. – Ele explicou, sorrindo de novo. Eu pisquei.


– Não por isso. Faço questão de beber por dois.


De repente, a festa deixou de ser chata. O papo fluiu. Com um estoque de rosé infinito, eu fui ficando cada vez mais falante. Reparei que talvez devia estar chamando atenção demais quando gargalhei de repente, quase fazendo o vinho sair pelo meu nariz. Todo mundo olhou para mim. Céus, aquela galera tinha álcool de graça e ninguém estava enchendo a cara? Oficialmente eu estava no mundo dos adultos.


Ele sorriu para mim. Eu reparei em todos os dentes. Ele tinha um sorriso lindo. Talvez eu estivesse bêbada.


Mais provavelmente eu estava bêbada E ele tinha um sorriso lindo.


Minha amiga segurou meu ombro com força, sussurrando no meu ouvido que estava indo para casa do tal boy. Eu sabia que ela estava eufórica. Ia querer saber todos os detalhes no dia seguinte. Depois ela se afastou e pareceu se dar conta de algo.


– Mas como você vai voltar?


– Relaxa, eu dou um jeito. – Porque eu já estava contando com isso desde o começo.


– Se você quiser posso te dar uma carona. – Ele disse. Nós duas o encaramos ao mesmo tempo. Ele levantou as duas mãos num gesto de defensiva, como se dissesse, “sem segundas intenções”.


Mas é claro.


– Viu? Tenho carona. Vai lá, aproveita.


***


– Eu não quero que você pense mal de mim porque eu estou te dando carona.


– Não, imagina.


– Eu tô falando sério. Não sou este tipo de cara.


Andávamos os dois pela calçada, tentando encontrar o carro dele. Finalmente paramos perto de um sedan vermelho. Eu estava prestes a me atracar com um cara que dirigia um sedan, meu Deus. Mas aí ele correu as mãos pelos cabelos cacheados cor de chocolate.


Foda-se o sedan. Tudo nele estava me atraindo como um ímã. O sarcasmo, a confiança serena, o sorriso.


– Muito bem. – Eu o encurralei contra a porta do carro. – Então vai dizer que você não quer me pegar?


Ele ficou sem ação por um segundo, mas logo se recompôs.


– Também não sou o tipo de cara que mente. – E com isso segurou minha nuca com as duas mãos e me beijou.


Não foi de uma vez. Foi aos pouquinhos. Em progressão aritmética. Tipo seleção da Alemanha se aproximando em etapas da pequena área.


Quando finalmente a língua dele invadiu a minha boca, meus joelhos tinham virado geleia.


***


O caminho para casa foi marcado por amassos incisivos toda vez que um farol fechava. Ele enfiou a mão nos buracos do meu jeans para ter acesso às minhas coxas, e não a tirou de lá durante toda a viagem. Quando ele parou o carro na porta do meu prédio, ia abrindo a boca para chamá-lo para entrar.


Mas mudei de ideia.


Beijei ele mais uma vez, mordendo o lábio inferior dele com força para fazê-lo gemer. Abri o cinto de segurança e sentei no colo dele.


– O que você tá fazendo?


– O que parece?


– Mas…


– A rua tá vazia. Eu sempre tive essa fantasia, não diga que você vai negar.


Ele mordeu o lábio. Vi os seus olhos brilharem.


– A sua fantasia é transar comigo no carro para qualquer um que passar ver? – Eu assenti com a cabeça. – Você é maluca. Eu adorei, vem cá.


Retomamos o amasso, tentando nos livrar das roupas. O espaço era apertado e desconfortável, mas era claro que isso não era problema para nenhum dos dois. Ele tirou meu sutiã em meio segundo, a maior demonstração de habilidade que eu já vi de um homem na cama, e puxou o meu cabelo, descendo a boca pelo meu pescoço, ombro, colo, até chegar nos mamilos. Demorou-se por ali, sugando e mordendo de leve, enquanto as mãos apertavam a minha bunda.


Quando eu estava me contorcendo, enfiei minha mão dentro da cueca dele, rolando os olhos mentalmente para o fato de que era Calvin Klein. Comecei a tocá-lo devagar, provocando. Ele colocou o dedo indicador dentro da minha boca, e eu gemi imediatamente, como ele tinha adivinhado? Comecei a chupar o dedo dele como se fosse um boquete. Ele aguentou por mais dois segundos até arrancar minha calcinha.


Ele segurou meus quadris enquanto me penetrava com precisão cirúrgica. Eu olhava para a rua vazia e mal iluminada e a adrenalina de estar fazendo aquilo em público me dava um barato muito forte. Eu desci as mãos pelo meu corpo, tentando fazer alguma coisa com elas. Ele percebeu.


– Se toca. Eu quero ver.


Quem era esse cara, alguma espécie de robô do sexo da vida real? Obedeci imediatamente. Ele me olhava de um jeito muito safado, escaneando todo o meu corpo, demorando-se no movimento dos meus dedos, e voltando a me encarar. Não tinha como a brincadeira durar muito. Gozamos quase que ao mesmo tempo. Fiz questão de gritar o nome dele.


Só quando voltei para o banco do passageiro percebi que estava toda dolorida de câimbras. Provavelmente amanhã sentiria as consequências dessa aventura nos meus músculos. Dei de ombros. Tinha valido a pena.


– E aí, quer subir? – Eu perguntei enquanto vestia as minhas roupas. – Mas toma cuidado que pode ser a porta de entrada para drogas mais pesadas. Tipo dormir de conchinha.


Ele sorriu de novo.


– Claro que eu quero.


AQUÁRIO


Era fevereiro. A noite estava quente com aquele mormaço grosso do alto verão, a rua estava colorida com os confetes e as fantasias, lotada de pessoas dançando, bebendo, se recusando a parar a festa, tentando estender o carnaval o máximo possível para depois da quarta-feira de cinzas. Eu começava a pensar que aquilo tinha sido uma péssima ideia, como é que eu ia encontrá-lo naquele mar de gente, até que olhei pra frente e o vi do outro lado da rua. Um copo de cerveja na mão, um cigarro preso atrás da orelha, o estilo blasé de se vestir contrastando com as lantejoulas e plumas de todo mundo em volta.


Entre um copo de plástico cheio de cerveja e outro, eu tentava não ficar encarando demais. Os olhos dele capturavam tudo que passava, restava pouco foco para mim. Parecia que estava sempre olhando para algo bem distante, contando das suas aventuras, exalando uma autoconfiança que flertava com a arrogância, o boca em formato de coração fazendo aros com a fumaça do cigarro no ar. Ele se enchia de entusiasmo e de brilho quando contava dos planos para colocar a mochila nas costas e sair sem rumo mais uma vez, e eu sentia boca secar, hipnotizada pela presença, pela aparência, pelas covinhas que apareciam quando ele me lançava um sorriso cafajeste, ou quando ele ria de suas próprias piadas ácidas. Contei que também tinha desejos de sair e ver o mundo, ao que ele me respondeu como uma displicência invejável, “então vai, ué. Compra uma passagem e vai, o que você está esperando?” e eu pensando em todos os meus medos e dúvidas, e naquele charme e desapego que eu tanto queria pra mim, e por um segundo não soube se eu queria ter ele ou ser ele.


Quando ele me beijou, foi de repente. Num segundo os seus olhos estavam na chuva de serpentinas, no seguinte ele me prendia contra um muro enquanto me invadia boca adentro. Não entendi como ele foi de um extremo ao outro tão rápido, mas como se eu tivesse levado um choque, uma corrente elétrica que me atravessou. Ele me beijava com a mesma pressa com que olhava para o mundo, e eu me pendurei nele, mordendo os seus lábios cheios, sugando, lambendo, numa tentativa desesperada de memorizar cada textura.


Voltamos trocando os pés, as risadas ecoando no asfalto, nos juntando a vários outros casais trôpegos que se aventuravam pela última noite de carnaval. Quando ele entrou no meu quarto, foi logo indo para a janela, se pendurando no parapeito, admirando a vista. Mais cerveja gelada para tentar aplacar o calor que vinha de dentro e se misturava com o de fora. Ele passava os dedos pela minha espinha para me sentir arrepiar, e eu olhei para ele pensando, “é, dessa vez, fodeu”.


Os beijos que se seguiram foram um borrão. Lembro das minhas mãos apertando os braços bem torneados melados de mormaço, as mãos dele me apertando com força, em todos os lugares. Em mais um movimento repentino ele arrancou o copo da minha mão, colocando na escrivaninha, e me virou para que eu voltasse a contemplar a janela. E então, desacelerou. Os lábios gelados encontraram a minha nuca, deixando por ali um rastro de beijos e mordidas, enquanto as mãos dele iam descendo os meu vestido de verão, me deixando só de calcinha bem à vista de qualquer vizinho mais atento no prédio ao lado. Uma brisa refrescante passou pelo meu torso nu, minha mente enevoada sem conseguir distinguir luzinha de luzinha no mosaico da cidade, e ele foi descendo a boca pelas minhas costas, lambendo as minhas tatuagens como se eles tivessem gosto, passando a língua pelas covinhas acima no meu quadril, mordendo a minha bunda com força. A calcinha logo desceu para se juntar ao vestido no chão, e eu estava inteiramente nua, tremendo de excitação. Um gemidinho de súplica escapou dos meus lábios quando ele subiu as mãos pela parte interna das minhas coxas, dobrando meu corpo na altura no quadril, me deixando completamente exposta para ele.


Não consegui ficar quieta quando ele começou a me chupar, sem piedade, sem parar, com aquele mesmo entusiasmo, aquele mesmo fôlego. Não me deixou gozar. Quando parou, eu estava trêmula, encharcada, pulsando. Gemi quando ele me penetrou devagar, gritei quando ele puxou meu cabelo e segurou meu quadril, e me reduziu a um emaranhado de nervos, que não conseguia processar mais nada além de sensações. As luzes da cidade se misturavam e ele me invadiu, me subjugou, me fez dele.


Logo ele, que nunca era de ninguém.


PEIXES

Foto por Malik Skydsgaard no Unsplash

Cheguei atrasada no bar, toda esbaforida e descabelada, perguntando se ele estava esperando há muito tempo. Ele abriu um sorriso que parecia ter 85 dentes e respondeu que não, que eu podia ficar tranquila. O timbre da voz dele era doce e sereno, e quando nos sentamos eu já tinha esquecido todo o estresse da correria.


Conversamos por horas. Sobre tudo, sobre a vida, sobre os planos. Drink depois de drink depois de drink, e eu perdi a conta de quantos foram. Ele tinha um olhar tímido, o sorriso aparecia às vezes, os olhos cor de mel procurando o teto quando ele lembrava de alguma coisa particularmente especial. Conversar com ele era uma experiência sinestésica: Ele não contava que fez isso ou aquilo. Ele falava das sensações, das impressões, do vento que batia à noite quando ele cruzava o rio Amazonas de barco, ou do sol nas andanças pela América Central. Muitas vezes, eu senti como se também estivesse lá. Ele me levava com as palavras.


Não tocou em mim a noite inteira. Tenho certeza que no fim da noite eu já estava dobrada em cima da mesa, desmontada, alcoolizada e irremediavelmente atraída. Mas ele continuou a conversa sem nenhuma tentativa séria de me beijar, embora eu tivesse notado que ele não tirava os olhos da minha boca. O bar fechou e nos expulsaram. Saímos andando pelas ruas, ele comentou que ia para o bairro vizinho ao meu, e eu que já estava sem filtro há muito tempo, fiz o convite para que ele fosse para a minha casa.


Quando ele finalmente me beijou parece que fui sugada por um rodamoinho. As mãos dele contornavam o meu corpo como se quisessem memorizar cada detalhe. Quase tive um treco quando desabotoei sua camisa e descobri um mosaico de tatuagens coloridas cobrindo o peito do cara tímido. E essa não foi a única surpresa. Eu, que sempre fui muito dominante na cama, me vi de repente completamente submissa, a mercê, sem saber o que fazer. Ele me dominou totalmente, não se impondo agressivamente, mas me fazendo incapaz de pensar com beijos torturantes no meu corpo inteiro, mãos que sabiam exatamente como tocar, apertar, envolver. Fui adorada dos pés a cabeça, dos lados, do avesso.


Transar com ele também foi uma experiência sinestésica. Meus sentidos se fundiram num só. Ele gastou horas nas preliminares, completamente devoto em me fazer gozar uma, duas, três vezes, e quando finalmente estava dentro de mim, todos os meus nervos pareciam estar conectados. Eu ouvia ele sussurrar desperado no meu ouvido que aquilo era tudo que ele queria, era tudo que ele precisava, e não conseguia ficar quieta. Em certo momento ele disse, “mas e a sua roommate?” e só rosnei um “foda-se”, por que isso lá é hora pra ser altruísta?


Não sei quando dormi. A impressão que tenho é o sexo se misturou com o sono, e nunca acabou. Quando acordei, envolvida por ele por todos os lados, disse que precisava levantar, ou iria chegar atrasada no trabalho. Ele disse que não queria me atrasar.


Mas me atrasei.



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