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Foto do escritorThassiana Carias

respire. inspire. não pire


Como manter a calma
A calma em meio ao caos

O que é ficar em silêncio? Para mim, uma geminiana convicta, filha de uma família metade italiana, metade portuguesa, nascida no interiorzim de Minas Gerais, tal ação era quase utopia.


“Não gosto do silêncio”, eu dizia. Qualquer oportunidade que tinha era sinônimo de: casa cheia. Cachorro, gato, papagaio, primos, tias, amigos e até a vizinha do lado gritando para minha mãe uma receita que viu na TV. Minha lembrança mais forte de Cataguases, a cidade onde nasci e vivi até os 23 anos, é me ver à mesa para um tradicional almoço em família, cada um falando sobre três (ou mais) assuntos variados, com pessoas diferentes, tudo ao mesmo tempo.


Quando me mudei para o Rio, há 8 anos, dividi apartamento com duas pessoas tímidas e quietas, mas de muitos amigos. Virei a “puxadora de assunto oficial” da casa. Não me permitia ficar sem interagir com elas. Eu ficava matutando qual seria o próximo tema de nossas conversas, temendo por aquela ausência de palavras. E cada vez mais, ficar em silêncio não fazia sentido nenhum para mim. “Como alguém pode gostar de ficar sozinho, gente?”, eu me perguntava.


Em dezembro, comemoro os 365 dias que a minha vida deu uma reviravolta e, dentre todas as mudanças corajosas que fiz, decidi encarar a minha “solidão” e ressignificar o que é de fato estar em solitude. As primeiras semanas morando sozinha na minha querida quitinete foram tensas. O barulho do silêncio me atordoava. Era como se meus 30m² triplicassem de tamanho. Perdia-me dentro da minha caixinha de fósforos.


Eu precisei aprender a conviver comigo. Solo. E ficar consigo mesmo, para quem nunca fez isso antes, pode ser bastante desafiador. Pela primeira vez na vida, eu me vi por inteira, descobri quem eu era, como eu pensava. Ouvi ideias e projetos que eu nem sabia que tinha.


Aos poucos, aprendi a aproveitar ao máximo esses momentos. E eles passaram a ser fundamentais no meu dia a dia. Ficar em silêncio é aquietar a mente, “sentir” os pensamentos, enxergá-los de uma outra forma. Com mais calma, mais atenção. Os pequenos exercícios de me silenciar, por um minuto, me deixaram mais concentrada no trabalho. Aliás, respirar calmamente diante de um acontecimento inesperado, pode parecer clichê, mas funciona. Respiração e meditação andam juntinhas. E uma é fundamental para a outra.


Monja budista francesa


Recentemente, li um livro de uma monja budista francesa em que ela diz que a meditação pode ser feita em qualquer lugar, até mesmo agora, com você aí em frente ao computador/celular. Sente-se em uma posição confortável. Sinta seus pés tocando o chão. Escute o barulho ao redor. Deixe que ele chegue e permita que sua mente se desconcentre desses estímulos. Perceba seus pensamentos. Foque na respiração. Inspire profundamente. Respire. Pronto. Um minuto por dia. O resultado é uma rotina mais leve, mais compenetrada e, porque não, até mais criativa.


O que é ficar em silêncio? Para mim, uma geminiana convicta, filha de uma família metade italiana, metade portuguesa, nascida no interiorzim de Minas Gerais, tal ação era quase utopia. Hoje, minha realidade. Um minuto por dia.



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