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  • Foto do escritorAnanda Miranda

em terra de fakenews, quem tem whatsapp é rei.

Lançado em maio de 2018, o livro “O voto do brasileiro”, do Alberto Carlos Almeida, faz uma previsão do resultado das eleições daquele ano. Almeida não cravou, mas calculou um segundo turno entre PT e PSDB. Uma facada, meia floresta amazônica queimada e uma pandemia depois, sabemos que o resultado não foi bem o esperado.





Ainda não vimos a oposição trabalhar na tão chamada “frente progressista”. Tanto a centro-direita quanto a centro-esquerda não conseguiram coesionar para, de fato, se oporem ao presidente, que, diga-se de passagem, é ele mesmo o seu maior opositor.


Mas, diante do mesmo inimigo (aqui falo da ignorância, não de nosso presidente), alguns estão tendo que deixar diferenças ideológicas de lado para reconhecer o bom trabalho que fazem durante a pandemia. Quem imaginaria, por exemplo, Lula elogiando o trabalho de João Dória (PSDB) em São Paulo ou Dória elogiando um governador do Partido Comunista do Brasil? Foi o caso do Flávio Dino do Maranhão. Via Zap ou Twitter, a única unidade que se vê é a dos governadores – independente de credo, cor ou religião.


O apoio de Jair Bolsonaro pode ser comparado a uma mola: quando sofre pressão, se comprime e depois volta ao mesmo patamar: os bons e velhos 30%. Bolsonaro, que sempre teve apoio dos mais instruídos e da classe média, durante a recente crise (já aqui me refiro à da COVID-19 e não a do vídeo da reunião ministerial) viu seu formato se modificar. O auxílio emergencial impulsionou a aprovação do governo entre os beneficiários, que pertencem à classe dos mais desfavorecidos.



Como então combater esse Megazorde que se tornou Bolsonaro? Apresento a vocês o produto incrível chamado: comunicação. Vamos tomar o auxílio emergencial como exemplo. A medida foi uma vitória importante da oposição (talvez a única), mas quem capitalizou com isso foi a situação. As constantes crises são uma ferida aberta e exposta do presidente que poderia levar, por exemplo, à abertura de processo de impeachment, mas a oposição não consegue sequer veicular isso aos seus, quiçá aos apoiadores volantes do governo.

Com o isolamento social, quem está em casa fica majoritariamente conectado à internet. O fluxo de dados e informações aos usuários aumentou muito e, mesmo com as infinitas lives no Instagram, YouTube e afins, a oposição não consegue se comunicar. Está evidente que o problema não está nas ferramentas e sim na estratégia.


Microssegmentar assuntos, simplificar (e não reduzir) temas e, principalmente, determinar a linguagem certa para cada grupo de pessoas é a saída. A era da informação não é somente sobre velocidade e quantidade; é, principalmente, como a informação chega até o usuário que, neste caso, é o eleitor. Era fundamental comunicar de diferentes formas que o auxílio emergencial foi uma vitória da oposição. Mas não aconteceu.


A eleição de 2018 foi vencida pelo grupo que soube comunicar verdades e mentiras de maneira cirúrgica a quem precisava ouvir. Quem sabe não está na hora da oposição fazer um workshop com Carlos Bolsonaro para reaprender a falar com as massas. Na era da pós- verdade, não saber como desmascarar fakenews pode custar mais do que eleições e mandatos. Neste momento em que, mesmo com milhares de mortos pela COVID-19, pessoas são convencidas pelo presidente e seu clã de que a pandemia é uma histeria, o preço está sendo cobrado diariamente e em vidas.


Comunicar seus propósitos é o que o governo Bolsonaro faz de melhor. O veneno na dose certa pode ser um remédio. A oposição precisa entender que, em terra de fakenews quem tem WhatsApp é rei.



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