A impressão que eu tenho é que fechamos uma porta em 2019 e entramos em um túnel repleto de desafios, lutos, desencontros, desgoverno, e, saímos em 2021, tomadas por um mix de sentimentos que permeavam entre a esperança e uma tristeza que nos acompanhou por bastante tempo.
Aqui estamos nós, rumo ao fim de mais um ano, sentindo os efeitos de uma pandemia mundial que tanto nos fez olhar pra dentro (e para o mundo) de uma outra forma. A vida tá aí pra provar que nós humanos além de muitas coisas, somos seres extremamente adaptáveis. E quem tem o privilégio de respirar, está se desafogando da dor e voltando a ver a luz no fim desse túnel.
Olhar para o outro e para a gente nunca foi tão importante. Ao longo desses anos, alguns fantasmas bateram na porta das nossas casas como aquele parente que a gente não gosta mas aprende a conviver. Algumas dessas sombras ficaram lá, por mais tempo que gostaríamos, tomando chá na nossa sala até que a gente gentilmente pedisse para que elas se retirassem. A verdade é que nunca a conexão verdadeira com nós mesmas e com o que nos cerca foi tão importante.
Todas essas vivências complexas se desdobraram em tendências comportamentais e de consumo que andam mudando o rumo de muita coisa ao redor do mundo. Baseada em leituras, estudos e análises, escolhi 3 delas para dividir com vocês. :)
Chega de lero, lero:
O consumidor do futuro se importa com o planeta e com a coletividade e não cai mais em discursos rasos de sustentabilidade.
O lema “We’re not a sustentable brand”/“Nós não somos uma marca sustentável”, vem aparecendo de diversas formas nas comunicações das marcas que buscam mostrar ao consumidor quais mudanças andam sendo feitas internamente, mesmo que a passos lentos.
O importante é a caminhada em rumo a políticas mais sustentáveis e não necessariamente um discurso que se alinha a perfeição.
Comunicação da marca CREME (@cremecremecreme)
Selo '"EM TRANSFORMAÇÃO' da SRI (@sriclothing)
2. Com emoção sim, senhora!
Segundo um estudo realizado pela Hootsuite em parceria com We Are Social, estão atualmente conectadas na internet 4,7 bilhões de pessoas no mundo, nossa população mundial gira em torno de 7,85 bilhões de pessoas, ou seja, mais da metade do mundo está conectado à alguma rede.
O estudo também destaca que 4,33 bilhões de pessoas são usuárias de alguma rede social. Esse número está crescendo cada vez mais rápido, principalmente com o contexto da pandemia em que o isolamento social nos afastou do contato físico com quem amamos por um longo período.
Essa aceleração e intensificação do uso das redes mudou muito a nossa relação com as mesmas. Abrir o Instagram é como ligar no canal do Shoptime, misturado a dancinhas que nos levam para a compra de algo que nem sequer pensamos em desejar, além de sermos impactadas a todo o momento com inúmeros anúncios de cursos on-line (que mais parecem pirâmides de conhecimento em que se aprende para ensinar).
O Zuck tá feliz, mas a gente tá saturado. Há quem ame o TikTok e esteja em diversas outras redes, eu particularmente não consigo dar mais conta. E TÁ TUDO BEM!
É com esse sentimento que cada vez mais iremos consumir o que nos toca e converse com a nossa verdade.
A gente não quer mais ver as mesmas influenciadoras em locais de destaque, no alto do seu privilégio vendendo pílulas milagrosas, a gente cada vez mais vai consumir o que vai de encontro com a nossa verdade e bem-estar.
Queremos comprar de marcas que se alinham com os nossos desejos coletivos para o mundo - para além do produto. É importante para o consumidor do futuro que o lugar de destaque seja verdadeiramente inclusivo e educativo. A tendência de se vestir de nós mesmas e dar espaço a quem tem muito talento e pouca visibilidade.
1. Capa da I-D MAG
2. Campanha GUCCI
3. Mano Brown na capa da Elle
4. Collina Strada no NYFW digital presentation
3. Viva a vida!
A conta é simples: Quase 2 anos de moletom e camiseta trabalhando na frente de uma tela, somado a tantos sentimentos complexos dão um resultado não tão surpreendente porém improvável nos mundos de hoje.
O maximalismo anda aparecendo em diversas formas como um grito de vida no mundo real.
Foto da Nova Iorquina Hannah La Follette que passou 5 anos registrando diferentes mãos nos metrôs da cidade
Pele fake da Shrimps
Produção da marca independente Lisa Says Gah!
Susanna Lewis OZ socks, 1978
Pegar a melhor roupa e ir pra rua viver se tornou o maior desejo de todos. Muitas vezes acompanhada de peças de segunda mão, a moda mais do que nunca, passa a ter uma segunda vida.
A gente só tem o hoje, esse clichê é verdade.
Leonardo Gandolfi
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